Thursday, December 14, 2006

Devaneios Sobre uma Existência Profunda




















O ventilador gira constantemente. Já está assim a horas. Nem o vento refresca mais, esse ar quente, ar respirado, odores úmidos e quentes que incomodariam qualquer pessoa com o mínimo de higiene.
Os olhos nem piscam, sequer tem motivos pra isso.
A imaginação nem está presente neste quarto. Também nem poderia estar, aqui nesse momento ela não é bem vinda.
Contemplo o esvair da existência. Tic Tac! Tic Tac!
Já se passou um minuto.
Penso no momento da minha morte, esse minuto eu não terei mais.
Esse minuto pode me fazer falta daqui a alguns anos, horas ou até mesmo minutos.
Aquela frase que os moribundos falam no cinema, momentos antes de morrer em cena. No meu caso, pode não ser completada.
Mas, o que será que eu terei de importante para falar no momento da minha morte?
Nada.
O que pode ser importante neste momento, sendo que o mais importante acaba de perder a importância?
O que significa a vida?
Por que pensar na morte?
Por que vivenciar a morte, se dela não há saída?
É inútil.
Assim como o ventilador aceso do meu quarto, já que não refresca.
Assim como a tv ligada, que já não me diz nada.
Minha vida está cheia de um completo nada, que preenche todos espaços vazios do meu oco interior.
Tic Tac!
Tic Tac!
Com pensamentos que não levam a lugar algum consome-se meu tempo mágico.
Tempo que poderia ser usado para uma tentativa mais de sobreviver, talvez um ultimo choque elétrico para reanimar o coração.
Não há como saber.
Assim como o meu ventilador e a minha TV não há porque se perguntar o que relevar, ou o que devo fazer.
Essa solidão que invade quatro paredes brancas parece dizer somente uma palavra profunda e vaga. Nada!

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