Friday, May 18, 2007

OLÁ!

Gostaria de comunicar a todos que juntei todos os meus textos em um só blog. O Fernando Teixeira ...Os textos e crônicas que eu postava aqui passaram a ir para o outro blog..

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Boa diversão

abraço

Fernando Teixeira

Sunday, May 13, 2007

O que é velho também é POP

Eu sinceramente me sinto um ermitão no mundo moderno. É, sinto que tenho andado meio ausente nos últimos anos. Muita coisa acontece e cada vez mais rápido. É difícil acompanhar as mudanças. Das poucas vezes que liguei a televisão fiquei sabendo de uma banda formada por idosos no Reino Unido. The Zimmers é formada por 40 integrantes, onde todos tem mais de 70 anos. Na hora compreendi. Eu, jovem de apenas 19 anos, escuto musica dos anos 50, o melhor é que os que já escutavam venham tocar este estilo nos dias atuais. Para mim parecia lógico.

Bom, o tempo passa, e um dia no mundo das notícias é uma eternidade. Portanto fiquei sabendo que não é só na Europa que existem artistas idosos. Mas eles também fazem turnês, e de musica pop. Vejam, sinto-me humilhado por não saber disso, logo eu, que sempre me mantinha informado. Claro, confesso que o trabalho tem me tirado de circulação por algum tempo, mas nem assim entendo como não estive antenado neste “novo” movimento da terceira idade.

Percebi minha posição obsoleta quando vi, pela televisão, a chegada de mais um desses artistas pop da melhor idade. Foi nessa hora que percebi o quanto as pessoas estão vivendo mais, e pelo visto, há inclusive um esforço do governo federal brasileiro para agilizar o processo de integração de toda esta população idosa. Isso porque que o presidente Lula foi recepcionar este artista no aeroporto. Abraçou, sorriu, não só para o cantor, que descia as escadas do avião acompanhado de um grupo de dança todo uniformizado, mas para todos aqueles bailarinos do século passado.

O destaque vai para o figurino. Roupas brilhosas, longas, com direito a cordões e anéis dourados. Nota-se a influência de Freddie Mercury no som da banda, devido ao cajado que serve como microfone. Além é claro de um enorme gorro, ou chapéu, ou sei lá como se chama aquilo que ele usa na cabeça.

Fiquei surpreendido com a quantidade de gente que foi aos shows que ele fez no país durante esta semana. Lotou o Morumbi, e as pessoas foram até marte para vê-lo. Era como uma torcida organizada, inclusive no meio da multidão haviam pessoas com os uniformes parecidos com o da banda, além de instrumentos musicais e barracas. Era como woodstock, Rock in Rio nos anos 80 ou Live Aid. Multidões pulavam e chamavam o artista, e, quando ele aparecia na janela do hotel milhares de gritos ecoavam pelas ruas. Foi tomada até precaução, com vidro blindado e tudo na janela.

Quando a multidão não agüentava mais de ansiedade, um carro blindado, de vidro, passava por entre a massa. Era como uma vitrine. Tudo era objeto de fotos, gritos e lágrimas dos alucinados que tentavam transpor a linha da segurança. Fiquei comovido. Não acreditava como aquilo poderia estar acontecendo. Imaginei que o inocente velhinho fosse como Michael Jackson, mas pela cara ficaria melhor em algum artista destes góticos.

Pensei comigo: Bom, se esse cara é bom, eu tenho que ir a um show. Fui atrás, e melhor, entrada franca. Beleza! Vou lá curtir este som.

Chegando vi filas e mais filas. Fiquei apertado tal como dedo no nariz, mas quietinho que nem guri em missa. Andei quilômetros pra ter a visão do telão. Quando cheguei o cara ainda não estava no palco. Apenas algumas pessoas. Mas em seguida começaram os gritos Bentoooo Benditoooo .... Bentoooo Benditoooo.. Ta aí, esse era o nome da banda, Bento Bendito. Até que soa bem!

Entusiasmado fui cantando com o coro, até que das cortinas surge ele, iluminado, com o cajado e sorrindo. A multidão vai ao delírio, tira fotos, chora, berra, faz de tudo. Após um discurso ele resolveu cantar, com um monte de back-vocal. A música era muito chata, ficava só numa nota e falando Padris eris dominis santiiiiiiiis. AaAaAménnn. Desolado voltei para casa e fui dormir. Pensando, realmente esses artistas pop são quase como Deus na terra, venerados, aclamados e respeitados. Mas a música, não passa da mesma mercadoria que gira no mercado negro da industria fonográfica mundial. Uma porcaria!


Ainda por cima discolei a capa do disco dos caras, pelo menos a foto é interessante.


Sunday, May 06, 2007

Como ser intelectual no Brasil. Vol.1



É fácil ter opinião no Brasil. O sujeito ganha um Big Brother e já se torna autoridade para opinar sobre tudo. Até sobre física quântica se quiser. No Brasil é muito fácil ser intelectual, ou melhor, pseudo-intelectual. O segredo é saber como agir. E agir.

O primeiro passo é comprar livros. Muitos livros. E colocá-los em um lugar a vista dos visitantes. Mas para ser profissional tem que ter um pouco de bom senso. Compre livros grandes, daqueles de no mínimo 700 páginas, de capa dura, para ocupar mais espaço na sua biblioteca particular. Quando já tiver essa “criança” de três polegadas em mãos coloque-a a mostra. As pessoas adoram ver livros, já ler é outra coisa.

O segundo passo é conhecer alguns temas e autores, pro caso de ir alguém que entenda do assunto na sua casa. Para ser intelectual, portanto, não deve se cometer a gafe de expor livros do Paulo Coelho, por exemplo. O lance é ter alguns daqueles de cara esperto sabe!? Aqueles de história, filosofia e sociologia. Pô, sociologia é muito cult, tem que ter. Para isso completa-se com os autores, Weber é básico. Só não vale Platão, já é muito batido, opte por um filósofo não muito conhecido, assim parece que você entende do assunto e busca fontes alternativas. Outra coisa sempre boa para ter em mãos é Freud, ele explica tudo.

Quando você conseguir todos estes detalhes fique tranqüilo, já é quase um intelectual. E o melhor, sem precisar ler uma linha nem ganhar um Big Brother. Mas para seguir no rumo em busca da opinião pública e estrelato uma coisa é fundamental. Jantas! Muitas jantas, com convidados do mesmo naipe que você, buscando ser cult. Tudo regado a muito vinho e a temas filosóficos, buscando explicações sociológicas para o coito dos coelhos da Malásia. Não tem erro essa, ninguém sabe nada dos coelhos malásios. Lembre também de ter alguns quadros, aqueles rótulos antigos reimpressos e algumas obras plásticas de artistas desconhecidos do mercosul.

A música também é importante. Nada de música clássica como deve ter pensado. É brega! O negócio mesmo é Jazz, Blues e Bossa Nova. Mas tem um detalhe, nada de nomes consagrados, somente algum que outro, tem que ser aqueles caras do sul da Inglaterra ou um Ianque desconhecido, do leste da Califórnia. Sempre funciona. Essa mistura, seguida de um óculos de grau, com aro grosso e escuro é certeira. Por isso é importante os detalhes visuais, eles dizem muito sobre você. Lembre de que além do óculos é necessário uma barba ou um cabelo meio louco, com calças xadrez e camisa. Também pode optar pelo estilo clássico, com uma gravatinha e blazer, mas este já anda fora de moda.

Depois que você conseguir tudo isso, tiver aprovação dos amigos e for fonte de referência na busca de opiniões inúteis, parabéns, você já é um intelectual. Agora é simples, sempre falar com convicções, mas sem atacar nenhum dos lados, pois vá que tenha alguém afim de argumentar. Lembre-se, sempre fale de livros nas conversas, é essencial para dinamizar sua intelectualidade. Depois que tudo isso estiver feito ajude uma ONG, lance um livro e mantenha-se nos holofotes. Perfeito, você é mais um intelectual brasileiro!